Vou contar como foi o meu domingo, 13 de setembro de 2009...
5:30 da manhã recebemos um telefonema comunicando que D. Marina seria levada para o São Lucas (Copacabana), pois tinha levado um tombo e estava com muita dor nas costas. Em uma hora eu estava lá. Ela ainda estava com dor e aguardando o raio x para saber se havia fratura. Já estava sendo medicada com Tramal (analgésico narcótico). Lúcida. Por volta de sete horas, ela foi fazer o raio x. Aguardei na recepção e depois de uma hora e meia, aproximadamente, fui ver o que estava acontecendo. Fui até o andar do raio x. Ela havia vomitado e estava sem reação. Me olhava, mas não falava nada e seus olhos se viravam para cima. Chamei a médica plantonista que me perguntou quem tinha atendido. Eu não sabia, pois cheguei de Niterói, bem depois dela, que mora ao lado. Não achava seu prontuário num primeiro momento... Bem, comuniquei que ela era portadora de insuficiência adrenal aguda (sequela da retirada de um tumor da hipófise), fazia uso contínuo de corticoterapia oral e que, caso ela sentisse qualquer coisa fora do normal, como dor e até mesmo calor acentuado como no verão, ela deveria seguir o procedimento que estava no laudo da endocrinologista dela. Todos os médicos leram o laudo e, simplesmente, ignoraram. Tinha uma endocrinologista de plantão (Maíra) que disse que não ia prescrever cortisona, pois isso não pode ser administrado desta forma. Ela faz uso diário e, como foi pra lá muito cedo, não tinha tomado nenhum de seus medicamentos. Não teve jeito. Caio Lopes a examinou (me perdoem, mas não vou chamá-los de doutores) e prescreveu soro com hidrocortisona (enfim!), porém a dose não era a ideal para ela, mas eles não tinham Meticorten. Se eu quisesse buscar em casa... Era um medicamento semelhante, mas não tinha o mesmo efeito. Ela ainda faria TC da bacia e do crânio. Sua pressão estava um pouco mais baixa do que quando chegou: 7x3!!!! Ela chegou com 16x8.
- Um pouco mais baixa?!
- hehehe...
Por volta de meio dia, ela voltou das tomografias. Estava orientada e com menos dor. Fiquei feliz! Aguardavam resultado do exame de sangue e das tomografias. Tudo ok. Sem nenhuma alteração. Alta. Enquanto esperávamos o maqueiro, ela desorientou novamente. Não tinha nenhuma conexão com a realidade nem com sua própria fala. Chamei o Caio Lopes e ele me orientou a levá-la pra casa e se mantivesse o quadro, que voltasse para a emergência. Questionei e ele fez ela ESCREVER (!!). Óbvio que não escreveu nada, mas ele mantinha a alta. Disse que não levaria ela pra casa naquele estado. Ele me perguntou se ela não era assim. (O que?) "Aceitou" interná-la. Tiraram soro, medicação, eletro, pressão, tudo, fazia tempo. Duas horas se passaram até que saísse a internação. Mais algum tempo pra ela, supostamente, subir para o quarto. Durante todo o tempo, fui DIVERSAS vezes ao "puleiro" dos médicos e vi e ouvi toda sorte de barbaridades: me ironizaram por cada pergunta que fazia, por cada questionamento ao quadro dela, viam fotos engraçadas, pelo que supus, no computador, conversavam sobre o vestido que um deles saiu para comprar para a mulher, amante ou o raio que o parta! Na minha última gota de paciência e diplomacia, levei novamente o laudo e exigi uma explicação sobre o que estava sendo administrado, ou seja, NADA. "Como nada? Ela está medicada." Ela estava há pelo menos 3 horas sem soro, sem comida, sem água, sem qualquer acompanhamento ou controle e nenhum médico ou enfermeiro ia ao box que ela estava. Atendimento bem diferente de uma senhora que chegou com seus filhos e parentes médicos e rapidamente foi internada. Pois bem, as explicações foram contraditórias e ainda ouvi que ela teve sorte de ter vaga, pois tem gente que fica até dois dias aguardando vaga na emergência:
- Isso é normal.
- Normal? Paciente idosa com alteração de consciência e com seu histórico, ficar abandonada é normal?
- É. Não estou entendendo o que você está querendo. Você está vendo com olhos de acompanhante. Nós não temos só ela de paciente. Nós somos médicos e sabemos o que estamos fazendo.
- Fazendo? Vocês não estão fazendo nada. Ela está abandonada! Você está me dizendo que esse é o nosso sistema de saúde?
- Exatamente.
Dei as costas, mas a tal endocrinologista (Maíra) ficou assutada ao saber que ela não estava sequer no soro. Se escondeu, mas chamou um enfermeiro para medir pressão, colocar soro, fazer eletro, etc. Por volta de 16:00. Ela estava com taquicardia, desidratada, permanecia com alteração de consciência e começou a inchar. A Maíra estava apavorada e começou a me perguntar tudo que eu tinha tentado falar às 6:30 da manhã e ela se negara a ouvir!
Caio Lopes veio me comunicar que ela não iria para o quarto e sim para o CTI. O quadro tinha alterado rapidamente (??) e ele iria comunicar ao plano de saúde que o procedimento seria outro.
- Vou tentar explicar o que aconteceu.
- Hã...
- Talvez ela esteja com essa taquicardia pela falta da medicação mesmo.
(Quase 10 horas depois!)
- O que? Você tem noção do que está me falando?
- Tenho.
- Você sabe que vocês vão ter que responder por isso?
- Ok.
- Você sabe que eu vou processar você por negligência?
- Tudo bem.
- Não quero ouvir você me dizer que não tem vaga no CTI e outras mentiras, pois eu vi gente que chegou bem depois dela, indo pra lá. SE VIRA EM VAGA!
Ele saiu de cena e a Maíra assumiu. Me chamou de senhora e entrou com ela no CTI. Ainda me pediu para procurá-la terça-feira pois ela tem muito interesse no caso, já que é a especialidade dela. ramram.
Por volta de 16:15 ela estava no CTI e agora tinha febre (infecção instalada) e teriam que investigar a causa e combater, já que é uma paciente de comorbidade elevada. Só pude vê-la novamente às 18:30. Agora o quadro era: taquicardia, febre, desidratação, desorientação, edema de face, inabilidade de fala, infecção e a dor que a levou para toda essa situação de negligência, descaso, desumanização, falta de ética, respeito, etc, etc, etc...
Paticca, os hospitais particulares estão, para horror nosso, se transformando como hospitais públicos, pelo grande movimento de quem possui plano de saúde. É o cúmulo! Tem que colocar a boca no trombone mesmo.
ResponderEliminarEm fevereiro fui muito mal atendida no UPA de Botafogo.Imediatamente escrevi para o Ouvidoria da Prefeitura e ninguém se dignou a me responder. Na Prefeitura passada o serviço funcionava com primor. Agora machuquei meu dedo e desisti de ir a um hospital público. Há mais de 20 dias com dor, sem saber o que aconteceu. Vou fazer o que lá???
Cadeia nesses médicos! É uma vergonha...
Isso é Brasil! A mediocridade imperando em todos os aspectos ladeada com a falta de respeito e por uma educação deprimente!
ResponderEliminarProcessa mesmo, mas já sabendo que a Justiça nessa bodega de país é outra brincadeira!
Torcendo aqui por D. Marina, viu?
Beijos, querida.. e qq coisa que precisar é só gritar!
Sistema de saúde no Brasil é uma piada! Saúde pública onde o Sub-secretário (O SUB, MEU DEUS!!!) possui uma cobertura na Lagoa no valor de R$ 3 milhões, não pode funcionar! Saúde privada vinculada a Planos de Saúde que tratam dos nossos direitos de forma unilateral (do lado que interessa a eles: O DELES!!!). Médicos que se sentem Deuses/Juízes que decidem se a nossa vida é ou não é o "bem maior". Pessoas completamente despreparadas de zelo e amor ao próximo, munidas de prepotência e vaidades e que ficam todas "putinhas" quando questionadas da forma como a Patrícia o fez, ... Escrever pra jornal? Entrar na justiça? Não sei se resolve não... Porque são medidas tomadas depois da sua necessidade emergencial. Às vezes, a pessoa precisa que o plano de saúde cubra determinado procedimento, porém se nega a fazer. Aí, a pessoa entra na justiça e consegue uma liminar para que o plano faça, sob pena de multa em não o fazendo. O plano recebe a notificação para fazer, mas continua inerte. (E O PACIENTE LÁ, DEFINHANDO!) Chega uma hora que não adianta mais liminar, multa por não cumprimento, ... É a vida do cara contra o tempo!!! Vi um caso em que uma mulher de 37 anos foi fazer uma operação de garganta e deu uma "zebra" lá na hora da anestesia e a mulher teve 3 paradas cardíacas e sobreviveu. Ficou igual a uma samambaia chorona, mas tá viva até hoje. Seus filhos entraram na justiça pedindo uma indenização, mas o processo já dura 14 anos. Médicos, hospital e plano de saúde respondem como réus. Algum dinheiro vai pagar as necessidades, o sofrimento, dessa mulher durante todo esse tempo??? Acho que não! O LANCE É DAR UMA DE MALUCA MESMO E QUEBRAR O PAU É NA HORA E MOSTRAR QUE NÃO É PELA FALTA DE UM CRM QUE A GENTE É MENOS MÉDICO DO QUE ELES!
ResponderEliminarOrgulho de ser brasileiro?!?!?! EU TENHO É VERGONHA E MEDO! MUITO MEDO!!!
Pois é, o choque de ordem só sabe tirar camelô de rua e multar carros. De resto, a gente se vira como pode né? Eu acho que vc devia fazer uma reclamação formal. Alias, muitos idosos morrem no hospital pq ficam doentes NO hospital. É tão surreal. De resto, to torcendo pela recuperação e no que precisar (inclusive se for processar), me fala tá? bjobjo
ResponderEliminarE o Brasil quer construir estádios, trem-bala e o escambau para ser sede de Olimpíadas!
ResponderEliminarE o Brasil que gastar bilhões em caças Rafale, quando o nosso maior inimigo está aqui dentro mesmo: a falta de escolas e hospitais! Socorro.
Melhoras para D. Marina e nos mantenha a par.
Beijoca.
Que absurdo, imagino sua indignação- ódio e impotência juntos, vontade de esganar estes caras todos- fico revoltada- vá atrás de justiça.
ResponderEliminarEspero q ela esteja bem. A saúde no Brasil é isto, só parente d emédicomm é bem atendido e olhe lá.Vergonhoso!
Torcendo por vcs,bjs Elianne-laura
11 dias depois, ela teve alta hoje. Exames todos normais. Nada encontrado. Ou seja, o que aconteceu foi realmente a falta da medicação ao entrar na emergência. Procuro advogado para processar o hospital e os "médicos".
ResponderEliminarObrigada pelo apoio e carinho de vocês!
Bj!
CARAMBA!Que vergonha desses medicos de araque, desse hospital, desse pais que todo mundo adora falar "sou brasileiro, com muito orgulho" Vergonha!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarNossa!! Como caiu o Padrão.... aquela emergência já foi muito boa!!! Bem depende do Plantão né!! Se Ela agora está no CTI e se tiver lá atuando a equipe que imagini estar... agora estrá bem!! SUCESSO!!
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